A Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas do Estado do Rio de Janeiro (ABEA-RJ) lançará, nesta sexta-feira (04/08), o Prêmio Carmen Portinho, em homenagem à terceira engenheira do País, Patrona do Urbanismo no Brasil e ativista na luta pelos direitos das mulheres. No lançamento, serão premiadas 20 mulheres que fazem a diferença para o avanço da sociedade e para o reconhecimento da importância da mulher na área profissional, social e política. O evento será no Clube de Engenharia.
Durante a cerimônia, Carlos Portinho, Senador e sobrinho-neto de Carmen Portinho; Claudia Morgado, diretora da Escola Politécnica da UFRJ; Francisco Almeida, presidente da Caixa de Assistência dos Profissionais dos Creas; Joel Krüger, Conselho Federal de Engenharia e Agronomia; e Nadia Somekh, presidente Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil receberão honrarias especiais, entregues pela presidente da ABEA-RJ, Iara Nagle, por fortalecerem a presença feminina no mercado de trabalho e incentivarem a equidade de gênero na sociedade.
No mês em que é celebrado o Dia Internacional da Igualdade da Mulher (26 de agosto), é muito importante falar sobre a excepcional e visionária Carmen Portinho (1903-2001). Carmem Portinho foi uma mulher muito à frente do seu tempo e que dedicou a vida em defesa de importantes temas como o direito das mulheres ao voto, a proteção às mães e à infância, à educação das mulheres e a valorização do trabalho feminino até por seu pioneirismo na Engenharia .
Ter um Prêmio ostentando este nome de peso vai além do reconhecimento, é também proporcionar que gerações conheçam, se inspirem e sigam o exemplo de uma mulher ímpar e pioneira para a Engenharia, para o Urbanismo e fundamental nas conquistas e lutas das mulheres.
Muitos desconhecem, mas Carmen foi a terceira mulher engenheira civil do país, tendo concluído o curso em 1925 na Escola Politécnica da antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro. Três anos antes, participou da fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que lutava pelos direitos das mulheres, sua independência e igualdade entre homens e mulheres.
Em 1928, um episódio foi emblemático e surpreendente para a época, a feminista entrou em um pequeno avião e sobrevoou o Rio de Janeiro. Até aí, nada demais. Mas não era apenas um voo, ela, junto com Bertha Lutz e Maria Amélia de Faria, companheiras fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, “panfletaram” do ar folhetos que defendiam o direito ao voto feminino no Brasil. Assim, o material alcançou diversos cantos da cidade. Uma visão de marketing muito a frente do seu tempo.
Em 1935, a Engenheira participou da fundação da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (SEAERJ), sendo a primeira Presidente mulher entre 1947 e 1949. Também ajudou a fundar, em 1937, a Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas (ABEA), que visava incentivar mulheres formandas a ingressar no mercado de trabalho, sendo a primeira Presidente à frente da organização que através de sua representação fluminense tem a nobreza em homenagear .
O pioneirismo sempre marcou sua vida. Carmem Portinho, também foi a primeira mulher a receber o título de urbanista, em 1939. Seu legado pode ser visto ,até os dias de hoje, em obras como o Museu de Arte Moderna (MAM), que trabalhou em parceria com o arquiteto Affonso Eduardo Reidy. Aliás um dos registros marcantes é a foto que ilustra esse artigo de Carmem Portinho em 1959 junto Juscelino Kubitschek frente a maquete da escada helicoidal do bloco de exposições.
Sua atuação também foi fundamental no conceito de habitação popular articulada com acesso aos serviços sociais como política pública, a exemplo da construção do Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, o Pedregulho, em São Cristóvão. Dando início uma política de habitação inclusiva e acessível para a cidade do Rio e considerada modelo de “moradia digna” dentro e fora do Brasil. Seus feitos foram tão relevantes para a sociedade que, em 2022, foi declarada Patrona do Urbanismo no Brasil, após publicação da Lei 14.477/2022, proposta pelo Senador Carlos Portinho, sobrinho-neto da vanguardista.
Estudar Carmen Portinho é mergulhar em feitos, participações em Congressos, Seminários, programas de rádio, criação e presença em revistas e jornais. É também conhecer a história desta brilhante mulher é fundamental para todos. Perpetuar seu legado é garantir que a sociedade não deixará de lutar pelos direitos das mulheres e acreditar que ações transformam e permitem o progresso do país.
Fonte de Informação: Wagner Victer/ Diário do Rio – https://diariodorio.com/wagner-victer-a-lendaria-carmen-portinho-vai-virar-premio/